Roberto da Contina x Cecília D’Ávila Returns

dezembro 19, 2009 às 2:35 pm | Publicado em Aforismos Desaforados | Deixe um comentário

Roberto – O texto do último post é até bem escrito, com pontuação e tudo. Acho que as leitoras ficaram incomodadas com o tema. De fato, Cecília não devia ser assim tão sincera sobre o drama feminino…

Cecília – Sua ironia, Roberto da Concina, a respeito das mulheres, deixa a impressão de que estamos desesperadas atrás de vocês. Ah, quanta pretensão!

Roberto – Atrás de nós, não. De um casamento.

Cecília – Se sabe isso, prova que alguns homens já entenderem que não são a última bolacha do pacote. E você se contradiz. Vive afirmando que as mulheres vivem para os homens.

Roberto – Não disse que as mulheres vivem para nós, mas por nós. Porque, se você admite que não somos o mais importante, prova que procuram um pai para seus filhos.

Cecília – Bom, se só estamos atrás de um progenitor, temos um diferencial sobre os homens, não? Pensamos num lar, em filhos… Vocês só querem relação e nada de relacionamento. Quem você acha que está na rabeira da cadeia evolutiva?

Roberto – O instinto materno é tão instintivo quanto o sexual.

Cecília – Mas este instinto feminino dá como fruto o amor sublime da maternidade.

Roberto – Olhe bem que o instinto sexual também dá, como muito fruto, a maternidade.

Cecília – A diferença é que a mulher deseja o fim e o homem o meio.

Roberto – Gosta de questionar tudo, não? Se quiser, provo o que disse de uma forma inquestionável.

Cecília – Você seria a última pessoa do mundo com quem eu sairia. É um evidente misógino, isto é, um cara que tem aversão ao que é ligado ao feminino.

Roberto – Sei bem o que é um misógino, ó Minerva.

Cecília – Demorou para responder esta mensagem, não? Foi procurar num dicionário?

Roberto – E você sempre responde na hora, engraçado, não? Só respondo agora, porque saí. Fui me divertir na madrugada, que é o que fazem pessoas sem problemas de relacionamento. E fiquei tão preocupado com o que disse que provei várias vezes se eu era misógino (sem querer me gabar, é claro). E você, ficou esperando no computador?

Cecília – Gostar de mulher vai muito além de se deitar com elas. Às vezes, ao contrário, gostar delas é justamente não se deitar. Talvez, eu esteja exigindo demais de você, mas, em certas ocasiões especiais, tudo o que uma mulher espera é que o homem mostre sentimento em não fazer. Acho que a gente se frustra com vocês por isso. Preferem mostrar-se viris que humanos…

Roberto da Concina – A gente é insensível, a gente usa vocês, tá certo. E quando somos enquadrados no tamanho família, feito móvel embutido?

Cecília – Fazemos isto porque perdemos a esperança de encontrar uma casa mobiliada.

Roberto – O que leva uma mulher sensível a agir como os homens? Esperamos que vocês nos ensinem como preencher a casa sem mobília. Mas nos últimos tempos, agem como nós e vêm da rua sem limpar os pés. Acho que o papel de ensinar é de quem tem mais sensibilidade.

Cecília – O papel dos dois é o encontro e, então, os dois têm que andar.

Roberto – Mas você não sai deste computador, hein? Numa hora dessas… Escuta, se você diz que a mulher é mais sensível, cabe a ela andar bem mais depressa. Cabe a ela ensinar o homem a procurar relacionamentos que tenham mais sentimentos, como disse. Só que ela não faz isto e, ainda por cima, anda para trás, desaprende. Age como os homens, entra nos relacionamentos por comodidade, sensualidade e tudo que envolve pouco sentimento.

Cecília – A culpa não é da mulher, mas de toda uma sociedade que supervaloriza as coisas externas, superficiais. Uma cultura milenar não muda de uma hora para outra. O que você quer? A mulher não pode deixar de apontar a falta de sensibilidade masculina. É o papel dela. Assim como é papel dela fazer uma autocrítica mais severa. Nós mulheres começamos a disputar o mercado de trabalho, mas não precisamos nos tornar mercadoras de sentimento. Só que a gente vive num mundo tão difícil, tão louco, que às vezes a razão nos falta…

Cecília – … não parece existir resposta.

Roberto – Ainda está aí?

Cecília – Estou.

Roberto – Sabe, parecemos dois bobos, perdendo tempo com discussões… São só meia-noite e meia e viu que está fazendo uma noite maravilhosa? Quente…

Cecília – E como!

Roberto – Podemos sair um pouco. Respirar o ar noturno. Dizem que a noite é boa conselheira…

Cecília – Sim. Só há uma maneira de nos reencontrarmos… A noite vai cuidar de tudo.

Roberto – Te apanho aí, na Vila Madalena. Só que meu carro não vai te impressionar como do playba da crônica.

Cecília – Quero ser impressionada por quem dirige.

Roberto – Tô passando aí.

Cecília – Estou esperando.

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